Dr. Paul Dupont, FRC
O stress é uma palavra que se tornou muito popular em razão de nosso ambiente moderno, do nosso modo de vida agitado e, podemos dizer, do caráter imperiosamente rápido de nossa vida profissional. Então, o stress se apresenta como um tipo de justificativa para explicarmos o surgimento inesperado de doenças psicossomáticas. Na verdade, o que não dizemos suficientemente é que toda a doença é a consequência de um desequilíbrio e que o stress se origina deste desequilíbrio. Mas nesse caso é necessário redefinir este termo.
O stress não é algo negativo, o qual somos condenados a suportar. O ser humano não deve mais se comportar como uma jangada que, no meio de um grande oceano, se deixa balançar pelas ondas do stress. É possível a cada indivíduo controlar sua embarcação através da busca do controle da vida, do controle do stress, ou seja, do controle da energia que produz o stress.
Esta energia do stress não é absolutamente uma energia negativa. É uma energia que nasce e se associa a situações vividas pelos indivíduos. Ela é regida por leis como, por exemplo, a lei da mudança. Muitas pessoas têm dificuldades de se adaptar às mudanças, embora, na maioria dos casos, a mudança seja para melhor, salvo se nos opusermos a ela. O stress negativo é nossa oposição às leis da vida.
Tomemos o caso da ansiedade. Sabemos que ela está ligada a uma resposta negativa ao stress, simplesmente porque o indivíduo, em vez de se colocar em harmonia com a energia que o conduz a uma mudança, se opõe a ela. Quer se trate de uma mudança no caráter, na vida familiar ou no ritmo de vida, esta oposição gera ansiedade. Por outro lado, qualquer um que não dorme o suficiente se arrisca, cedo ou tarde, a ficar estressado e nervoso, simplesmente porque não recupera a energia que deveria levá-lo ao sono. É como se o indivíduo contrariasse as leis naturais e, com isso, originasse uma condição desconfortável. O desconforto significa ficar estressado. Se essa pessoa reservasse algum tempo para refletir ou para fazer alguns questionamentos e escutasse o seu Eu Interior, saberia que é possível ouvir uma pequena voz.
Falamos do stress como sendo um desequilíbrio, e, portanto, vencê-lo é nos reequilibrarmos, ou seja, encontrarmos, através de certos exercícios, as bases que nos permitam descobrir e manter o contato com o nosso Eu Interior. Logo que desenvolvermos esse contato, será possível nos colocarmos em harmonia pela consciência com esta energia que é uma energia inteligente e que produz o stress. Alguns vão chamá-la de Energia Universal Cósmica, de Grande Arquiteto do Universo, ou, simplesmente, Deus. O que importa é que cada um pode aprender a se harmonizar com esta energia de vida que está presente em nós e em torno de nós. Ela está no universo inteiro como uma grande inteligência e é inteligível quando reservamos um tempo para escutá-la. Infelizmente, nossa vida é feita de um ritmo muito rápido, fonte de impaciência e de insatisfações. Não reservamos um tempo para pararmos, nem que seja por um minuto, para mergulharmos no interior de nós mesmos e tentarmos escutar as respostas às nossas solicitações. É por isso que somos estressados negativamente.
Se apresentarmos aqui o stress como ele é geralmente conhecido, poderemos defini-lo como o conjunto das condições de desequilíbrio com as quais o indivíduo é confrontado. Estas poderão ser um vexame, uma contrariedade ou uma incompreensão por não ter usado as palavras certas ou porque não foram compreendidas. Consequentemente, o indivíduo manterá pensamentos negativos, os quais chamaremos de envenenamento mental. Este envenenamento mental é muito ativo, pois causa a insônia e, com isso, impede um sono reparador, obrigando o uso de soníferos e tranquilizantes. Levantar-se pela manhã fatigado: esta é a característica do stress. Em última análise, é uma tensão, um estado onde nos sobressaltamos ao menor barulho, com palpitações à menor estimulação exterior. Não podemos mais usar a energia positiva que temos em nós, pois ela está bloqueada justamente pelo envenenamento mental que faz com que só pensemos em coisas negativas. Então, agimos mais ou menos com pessimismo e com uma tendência a nos atritar. É isso que chamamos de stress e que repudiamos mais frequentemente nos outros do que em nós próprios. Dizemos que são as condições exteriores, que é o ritmo da vida, acusamos a poluição etc.
É muito raro que as pessoas digam: “eu que estou errado, eu que compreendi mal”. Os outros têm as suas razões e nós as nossas, mas nós não os compreendemos. Se não nos detivermos por um momento e se não reservarmos um tempo para meditar, não conseguiremos mais nos equilibrar interiormente e encontrar a fonte desta energia que flui em nós e que nos proporciona a boa saúde. Jamais estamos perfeitamente saudáveis. Não é possível estar sempre num estado de equilíbrio perfeito, que seria a boa saúde, simplesmente porque existem todas essas condições que fazem com que constantemente nos deixemos desequilibrar. Visto sobre este ângulo, o stress é negativo. Reflita sobre isso!
* Excerto do Livro “O Estresse e a descoberta de si”, publicado pela AMORC