Busca-o e escuta-o primeiramente em teu próprio coração. Ao princípio, talvez dirá que não está ali, que quando buscas só encontras discordância. Busca-o mais profundamente.
Se ainda assim fracassas, detém-te um instante e ainda mais profundamente olha. Em todo coração humano existe uma natural melodia, uma obscura fonte. Pode estar coberta, oculta e silenciosa por completo, porém, ela ali está. Na base mesma da tua natureza encontrarás a fé, a esperança e o amor. Aquele que procura o mal, recusa olhar para dentro de si mesmo, cerra seus ouvidos à melodia do seu coração, assim como os olhos à luz de sua alma.
E assim age, porque acha mais fácil viver submerso nos desejos. Mas, no fundo de toda a vida existe uma corrente impetuosa que não reconhece obstáculos; as grandes águas estão realmente ali. Encontra-as e perceberás que ninguém, nem mesmo a criatura mais miserável, deixa de ser uma parte dela, por mais que procure fechar os olhos e construir para si uma fantástica forma externa de horror. Todos os seres, entre os quais penosamente avanças, são fragmentos do divino.
E tão enganadora é a ilusão em que vives, que é difícil adivinhar se perceberás primeiro a doce voz no coração dos outros ou no teu. Porém, sabe que se encontrará seguramente dentro de ti. Busca-a aí, e uma vez que a tenha ouvido, distingui-la-á mais rapidamente ao teu redor.