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A Luz do Conhecimento

Luz

Cecil A. Poole, FRC

A luz é, normalmente, considerada como se aplicando à iluminação física. O que torna possível a percepção ao olho humano, bem como as outras formas de vida. Como tantas palavras de idiomas modernos, a luz tem um significado mais amplo do que o de uma energia ou força física.  Pensamos na luz no sentido de iluminação física e também no sentido de iluminação mental. Usamos expressões coloquiais como a luz que iluminou a mente referindo-nos à percepção como se tornou mais clara em nosso pensamento.

A palavra “luz” em alguns idiomas, é usada como nome próprio, usualmente para mulheres. Parece que, pelo nosso uso livre da palavra, reconhecemos depender da luz como energia e como condição abstrata, pela qual somos afetados. No romance histórico do escritor canadense Thomas B. Constain “O Cálice de Prata”, o autor descreve um acontecimento em que três pessoas veem o cálice, ou taça, em que se supõe haver o Mestre Jesus bebido por ocasião da última ceia. A visão teve lugar num recinto escuro e, dos indivíduos que a experimentaram, dois declararam que o cálice era auto iluminado, que emitia uma luz facilmente perceptível. O terceiro, não esteve sequer consciente da existência do cálice, até que se manifestou a iluminação de uma outra fonte.

A ideia apresentada na história era a de que os dois que puderam perceber o cálice no escuro, tinham familiaridade com os princípios do Cristianismo primitivo e foram capazes de perceber a aura que estava ligada ao cálice. Isto, naturalmente, é apenas uma história, porém ilustra a ideia de que a luz é transmitida àqueles que tem a capacidade de percebê-la.  Do mesmo modo que um cego não pode perceber a luz que emana de uma fonte de iluminação física, também não podem aqueles que são mentalmente cegos, intolerantes ou que estão cheios de preconceitos, perceber a luz do conhecimento.

É função da luz, quando considerada como termo abstrato, converter-se em força que transmuta o conhecimento em sabedoria. A nossa capacidade física de percepção nos oferece a oportunidade de aprendermos, de adquirirmos conhecimento através da experiência e da informação. Todavia, o homem não vive apenas de pão ou de conhecimento. O pão, por si só, não sustém o corpo físico, nem sustém o conhecimento, o eu mental ou a alma.

A sabedoria é, de certo modo, a harmonização do conhecimento, iluminando a percepção interior ou a capacidade da mente para relacionar os fragmentos do conhecimento uns com os outros e com a vida do indivíduo. Neste processo para harmonizar o conhecimento, tornamo-nos capazes de reunir, de maneira lógica e útil, todos os fragmentos de informação que percebemos, do mesmo modo que a razão modifica os conhecimentos isolados que nos vêm através da percepção.

A luz, então, no sentido abstrato, é uma força unificada que, na minha opinião, é tão digna de ser considerada verdadeira, como o é a luz que provém de uma fonte de iluminação. A luz e a visão, como condições físicas, podem ser equiparadas à sua fonte, o sol, por exemplo, e, no entanto, elas não são o próprio sol.

Da mesma maneira, o conhecimento e a verdade podem ser julgados idênticos ao bem, porém, não são o próprio bem. Eles apenas contribuem, pela harmonização que é estabelecida interiormente, com outros fragmentos de conhecimento, para se tornar parte da sabedoria que torna possível a realização do bem.

A Luz, no sentido abstrato, portanto, é a energia, força ou condição que ilumina a mente, permitindo-lhe perceber, por todas as impressões interiores e exteriores, aquilo que é bom e, portanto, digno e valioso para ser cultivado pelo homem.

O que dá verdade ao conhecimento e o poder do conhecimento do sábio, é aquilo que vem através do canal do Eu Interior. Pelo alvorecer da luz interior, o Homem é capaz de iluminar toda a sua existência, toda a sua vida, que deve se tornar um processo evolutivo, inspirado pela luz interior que se relaciona com a força vital e sua origem.

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