[vc_row][vc_column][vc_column_text]Como rosacruzes, na Senda em que caminhamos tomamos consciência de que para a compreensão do mundo metafísico, é mister o conhecimento do mundo físico. Tudo o que materialmente nos rodeia e nos cerca não apenas nos envolve, mas, principalmente, nos contém. Assim sendo, o Rosacrucianismo nos revela que somos seres espirituais vivenciando uma experiência humana, terrestre e, exatamente por isso, somos parte de um todo completo e complexo, coeso e indissociável, elaborado com perfeição e maestria inigualáveis pela Inteligência Cósmica. Somos, pois, o resultado de uma alquimia transcendental, assim como é fruto dessa mesma alquimia todo o mundo visível – apenas para citar o óbvio –, a que a Ecologia chama de Meio Ambiente, do qual somos elemento de completude.
É evidente que atingir um estado pleno de harmonia entre o Eu e o Mestre Interior, entre o Eu e o Outro e entre o Eu e o Meio é conditio sine qua non para viver a Harmonia Cósmica nos planos físico, mental, emocional e espiritual. Todos os ensinamentos que nós rosacruzes recebemos visam nos dar a direção para isto: “a harmonização total com as forças universais mais positivas”.
Viver, pois, em plena harmonia conosco e om nosso íntimo, com os outros (lar, comunidade, sociedade, humanidade) e com a Natureza é fator fundamental para que entremos em contato com aquilo que a Ontologia Rosacruz nos revela ser “o plano mais elevado de consciência que se pode alcançar harmonizando-se inteiramente com o Cósmico”: o Sanctum Celestial.
Todavia, atualmente parece que, por negligência, descaso ou ambição desmedida, o homem insiste, em nome daquilo que não é sequer humano, em interferir de modo nocivo no equilíbrio ecológico, que constitui, na essência, a harmonia do próprio meio do qual somos parte.
Os sinais desse terrível desequilíbrio, mais que notáveis, já são sensíveis em todas as partes do globo. E o que é pior: a Ciência já constata que processos como estes a que assistimos agora, uma vez iniciados pela Natureza, são quase irreversíveis.
Ora, se o ser humano é parte integrante do todo completo e complexo que é a Natureza, esta é também, essencialmente, humana. Uma vez desarmonizado com aquilo que o cerca, o homem gera um conflito universal que o atinge diretamente. A conclusão é triste e óbvia: poluir rios e mares, contaminar lençóis freáticos, degradar e destruir matas e florestas, tornar inóspita a atmosfera com emissão de gases poluentes que colaboram para o aquecimento global e dizimar espécies animais, além da própria raça humana, é o mesmo que desequilibrar Água, Terra, Ar, Fogo e Vida.
Lesar a natureza é lesar a Humanidade, e atentar contra a Humanidade é desconstruir tudo aquilo que o Cósmico, em sua Suprema Sabedoria, engendrou em prol de nossas Evolução e Iluminação, estágios que passam necessariamente por nossas temporadas na Terra.
Preocupada com essa escalada suicida empreendida pela Humanidade, a AMORC, em seu Positio Fraternitatis Rosae Crucis, dedica especial atenção para as relações entre homem e meio, e alerta:
“É evidente que a sobrevivência da espécie humana depende de sua aptidão para respeitar os equilíbrios naturais. (…) A proteção da Natureza e, portanto, a salvaguarda da Humanidade, tornou-se uma questão de cidadania (…). Isso é ainda mais importante porque o próprio conceito de Natureza mudou e porque o Ser Humano está se sentindo parte integrante dela; não se pode mais falar, hoje em dia, em ‘Natureza em si mesma’. A Natureza há de ser, portanto, aquilo que o Ser Humano queira que ela seja”. (p.23 – grifos meus).
A pergunta da vez parece ser: “O que o homem quer que a Natureza seja?” Não é em vão que a revista O Rosacruz tem dado espaço cativo ao assunto em suas edições. É papel de todo cidadão, em geral, e de todo rosacruz, em particular, agir de modo efetivo para que o sonho do poeta Carlos Drummond de Andrade, expresso no poema “O homem; as viagens”, de fato aconteça entre nós e colabore para que alguma Humanidade exista e prossiga na Senda da Iluminação. Parafraseando o poeta Drummond, espero que o homem possa empreender a dificílima, dangerosíssima viagem de si a si mesmo e que possa pôr os pés no chão do seu coração, para descobrir a arte de “conviver” em harmonia consigo, com os outros e com a Natureza, esta que, não por acaso, insistimos em chamar de Mãe.[/vc_column_text][vc_column_text]* O autor é Professor da rede particular de ensino da Cidade do Recife e poeta membro da UBE-PE (União Brasileira de Escritores – Secção Pernambuco).
Bibliografia: AMORC – Manifesto: Positio Fraternitatis Rosae Crucis. Agosto, 2001, www.amorc.org.br; A Ordem Rosacruz AMORC em Perguntas e Respostas. 1ª ed. Curitiba: Biblioteca da Ordem Rosacruz, AMORC, 1997; Líber 777, Ordem Rosacruz, AMORC.[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row]