– Por Serge Toussaint – Grande Mestre da jurisdição de língua francesa da AMORC
A partir do momento em que se admite que a felicidade nos é acessível, a questão que se apresenta é de saber como chegar lá. A regra de ouro na matéria é querê-lo, e não unicamente esperá-lo. Na verdade, se é verdade que a esperança faz viver (ou antes, ajuda a sobreviver), não é unicamente ela que permite ser feliz. Para isto, é preciso alimentar em si a ideia de felicidade, a fim de atraí-la para sua vida e para a dos outros. Como se diz vulgarmente é preciso crer na sua sorte, e que se necessite de uma atitude mental positiva e ser otimista, inclusive e, sobretudo, talvez quando as circunstâncias do momento nos são desfavoráveis.
O que quer dizer ter uma atitude mental positiva? De uma maneira geral, significa nutrir pensamentos positivos para consigo mesmo, os outros e a vida. Esta atitude está no lado oposto do pessimismo, o qual consiste ficar polarizado sobre o que é negativo no comportamento humano ou nos piores aspectos da sociedade. Claro, vivemos num mundo difícil, e mesmo penoso. Mas devemos sempre ter em mente que ele é a imagem do que os seres humanos fazem dele individualmente e coletivamente. Ora, como eles o demonstraram ao longo do tempo e não cessam de fazer, eles são capazes de transcender a si mesmos no interesse de todos e de cada um.
Todo indivíduo tem um temperamento que o inclina a ser mais ou menos otimista. Nós todos conhecemos pessoas que têm tendência a ver preferencialmente o lado bom das coisas, e outros preferencialmente o mau. As primeiras são geralmente entusiastas e têm confiança no futuro; as segundas são mais seguidamente taciturnas e encaram o futuro com temor, quando não com angústia. Ora, mesmo se não temos consciência disto, atraímos para nossa vida condições, situações e acontecimentos que são a imagem de nosso estado mental habitual. Isto se explica pelo fato de que os pensamentos que nós mantemos não se limitam às ideias que nos atravessam o espírito; eles geram formas-pensamentos, quer dizer, pensamentos que acabam por tomar forma em nossa existência.
Se você tem um temperamento ainda pessimista, deve então trabalhar em você mesmo para se tornar mais otimista em sua maneira de apreender a vida. A melhor maneira de chegar a isto consiste em ver a bela coisa que vive em cada coisa (e em cada ser), para retomar e parafrasear o que diz o cantor e poeta Jacques Brel em uma de suas canções. Isto pode parecer difícil quando não se é otimista por natureza, mas se deve esforçar para fazê-lo, até que este esforço não o seja mais e ceda lugar ao otimismo. Uma tal transmutação é possível quando se o deseja profundamente e que se dedique a isso. Conheço, aliás, pessoas que eram mais pessimistas e que, tendo consciência dos efeitos negativos que isto produzia em sua vida e na de seus próximos, conseguiram adquirir uma abordagem (mais) positiva da existência.
Às vezes se opõem otimismo e realismo, sob pretexto que a situação do mundo não inclina para o otimismo. É verdade que em muitos países, para não dizer todos, ela é muito preocupante nos planos social e econômico, sem falar do estado do planeta. A expansão do integrismo e do fanatismo religioso, em particular através do islamismo, constitui igualmente uma verdadeira ameaça. Mas esta constatação não deve nos deixar pessimistas, a ponto de nos converter a esta situação e de deixá-la piorar. Cada um deve, não somente agir em seu nível para melhorar as coisas, mas igualmente visualizar regularmente que o mundo evolui positivamente. Na realidade, pelas razões que expliquei anteriormente, uma tal criação mental só pode ser positiva.
A educação tem um papel importante na atitude de felicidade. Quanto mais uma criança é educada num ambiente positivo e otimista, mais ela se imbui da ideia que se pode ser feliz na vida. Tornando-se adulto, ela procurará, mais ou menos conscientemente, encontrar e reproduzir este ambiente, não somente no seu interesse, mas também no dos outros, principalmente daqueles que vivem a seu lado. Diz respeito, pois, aos pais e, de maneira geral, aos educadores mostrarem-se entusiastas no contato com as crianças e, acima de tudo, confiantes no futuro.