Da Modéstia
Quem és tu, ó homem! que te orgulhas de tua própria sabedoria? Por que te gabas daquilo que adquiriste?
O primeiro passo para a sabedoria é saber que nasceste mortalmente ignorante; para que não sejas julgado insensato na opinião dos demais, rejeita o desatino de te julgares sábio em tua própria mortalidade.
Assim como um vestuário simples adorna melhor uma mulher formosa, também o comportamento modesto é o maior ornamento da sabedoria interior.
A fala do homem modesto dá lustro à verdade, a modéstia de suas palavras absorve seu erro.
Ele não confia em sua mortal sabedoria; pesa bem os conselhos de um amigo e deles colhe benefício.
Afasta seus ouvidos do louvor a si mesmo e nele não crê; é o último a descobrir suas próprias perfeições.
Contudo, como o véu que realça a formosura, suas virtudes são destacadas contra a sombra que sua modéstia sobre elas projeta.
Mas contempla o homem vaidoso, observa o arrogante; ele se cobre com ricos atavios, caminha pela via pública, lança os olhos ao redor e corteja a observação dos demais.
Ele ergue orgulhosamente a cabeça e menospreza os pobres; trata seus inferiores com insolência e seus superiores, por outro lado, riem de seu orgulho e sua insensatez.
Ele despreza o julgamento dos outros; confia em sua própria opinião e se confunde.
Está cheio da vaidade de sua imaginação; seu deleite está em falar e ouvir falar de sua pessoa o dia inteiro.
Engole com avidez os louvores e o adulador, por sua vez, o devora.
Do Livro “A vós confio” publicado pela AMORC